Às portas do ENEM e navegando pelo Facebook vemos diversas coisas, desde a ansiedade exacerbada dos estudantes quanto frases motivacionais contra desistências. E tudo isso me fez pensar a respeito da velha história do antes de morrer ter um filho, escrever um livro e plantar uma árvore, acredito que não necessariamente nesta sequência. E a necessidade do ser humano de "ser alguém na vida" e deixar um legado.
Um colega do cursinho, que está super pressionado e nervoso, estes dias me falou, com ar de crítica, por não parecer tão encanada quanto ele:
"É Mi, uma prova básica né? Só depende o... teu futuro!" #MusiquinhaDoPsicose
Dei uma risada sem graça ao invés de soltar meu verdadeiro pensamento, no perigo do cara ter uma síncope:
"É sério isso?"
É sério isso?
Sim, é sério. É muuuito sério! As pessoas acreditam e querem nos fazer acreditar que sim. Que nosso futuro se resuma a um exame e como se a próxima chance de fazê-lo será, sei lá, na próxima Superlua com um eclipse.
Como boa aluna que fui nunca perdi o ano, portanto, não sei qual a sensação de reprovar (certamente saberei agora, hahahaha!), no entanto, como ser humano, já tive inúmeras perdas e em nenhuma delas lidei como se tivessem o poder de arruinar a minha vida.
Acreditar em recomeços, não acreditar que exista tempo perdido porque tudo é válido como aprendizado e seguir adiante não é romantismo, é simplesmente não permitir o rótulo e o sentimento da palavra fracasso.
"Eu não fracassei, apenas encontrei 10.000 soluções que não deram certo". Thomas Edison à respeito do aperfeiçoamento da lâmpada elétrica.
É nessa vibe que tenho procurado viver, em tudo. Não somente em algum exame, mas em todos os desafios que a vida me coloca frente a frente. Eu simplesmente me permito errar, me permito falhar e não encaro estas experiências como fracassos. Jamais o farei. Se não estou seguindo o ritmo da grande maioria, reconheço que não sou a grande maioria e isso, de verdade, não me incomoda. Aceitar que posso ser diferente me dói menos.
A real é que minhas prioridades são e sempre foram outras. Claro que almejo uma vida confortável e um bom cargo, quem nunca? Porém, não será isso que me definirá como "alguém na vida".
Alguém na vida eu fui, sou e serei.
Sou alguém na vida cada vez que tenho a capacidade de oferecer uma palavra de consolo, um abraço a alguém em um momento de luto, uma atitude nobre em determinada ocasião.
Sou alguém na vida quando consigo superar ou contornar uma situação difícil, quando ultrapasso o que até então acreditava serem minhas limitações.
Sou alguém na vida quando dou exemplo de tolerância, respeito ao próximo e não firo meus valores éticos e morais.
Sou alguém na vida quando mesmo doente ou deprimida, consigo arrancar o sorriso de outra pessoa. E não é pieguice não! É a vida de verdade. Por este motivo, escolherei uma profissão em que possa ser alguém na vida de alguém. Eis a única certeza que trago comigo.
Legados? Confesso que nunca plantei uma árvore e se acontecer o livro e o filho, estejam certos que farei o possível para que ambos possam levar adiante os princípios que eu acredito. Do contrário, minha existência aqui na Terra terá sido vã.
Certa vez assisti a um desses vídeos de autoajuda que trouxe à tona o questionamento: "Você já parou para pensar como será lembrado?"
Eu não preciso planejar grandes coisas, fazer grandes feitos para ser lembrada pelo mundo todo. Prefiro ser lembrada e admirada pelas pessoas que realmente me amam e se importam comigo. Portanto, não preciso esperar a morte para que isso aconteça.
Mi F. Colmán
E você? Traz o legado de alguém da família que socialmente falando nunca foi "alguém na vida?" Vale aquela receita de bolo da avó.