17/11/2015

Vestibular ou ENEM?





















Respondo sem hesitar: Vestibular.
E antes que me perguntem: Não, eu não fui mal no ENEM. Muito pelo contrário, gabaritei até Física na prova de Ciências da Natureza, algo que parecia inatingível à uma pessoa de Humanas.
Entretanto, se tiver que avaliar friamente as duas opções, fico totalmente com a primeira e explico qual é minha "bronca" com o ENEM.
Não percebi na maratona de dois dias, onde tivemos um total de 11 horas para dar conta de 180 questões, mais uma redação (cujo mistério do tema fez com que a maioria atingisse picos de ansiedade), um exame que testasse nossa capacidade sobre o conteúdo adquirido no Ensino Médio. Foi praticamente inevitável não comparar as tardes daquele final de semana com as provas de resistência do BBB.
Sim, o "Exame Nacional do Ensino Médio" é muito mais uma prova de resistência do que de inteligência. Vence o aluno que tem mais agilidade, frieza e conhecimento de assuntos de cunho social. O que a princípio não parece ruim. Mas na prática "não é bem isso". 
Fiz curso preparatório o ano todo e, francamente, pouco (ou quase nada) pude aproveitar de tudo o que estudei neste período. Não tem nada a ver por ter sido um curso do Estado, alunos que fizeram Anglo e outros cursinhos renomados dividiram comigo a mesma impressão. 
O ENEM apresenta questões longas e cansativas (já mencionei que o intuito é a resistência) abordando os conteúdos superficialmente. Fatos muito mais do cotidiano do que do Ensino Médio em si. Ao contrário do vestibular tradicional, o ENEM não exige que se domine completamente as disciplinas. É muito mais domínio próprio e "macetes". Diante daquelas provas, senti que uma grande porcentagem dos meus estudos eram "inúteis" e "obsoletos". A minha "sorte", digamos assim, é que sempre fui uma pessoa muito atualizada e interessada em temas sociais, porém, mesmo prestando com tranquilidade (fazendo a diferença de acho que quase todos ali), não me saí melhor por falta de "forças" no último dia.
O tema da Redação considerei facílimo e tenho absoluta certeza que fui excelente, mas, ao final de Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias, apesar de achar assuntos bem interessantes, minha visão já escurecia, literalmente. Foi quando caí em mim que o exame era acima de tudo, para quem tem uma excelente saúde. Cansaço mental da prova, tanto a que estava em mãos quanto a do dia anterior e pressão baixa tomaram conta de mim.

















Isso porque não me descuidei, procurei dormir e me alimentar super bem. Quando cheguei em Matemática e Suas Tecnologias, disciplina que tenho consciência não ser o meu forte, já estava só o pó. Porém, percebi que insisti bem mais do que muitos, fui uma das últimas a sair da sala. Exausta e só querendo meu chuveiro e minha cama.
Revendo tudo isso, acho o vestibular muito mais justo, onde quem adquire boa nota é quem assimilou o conteúdo REALMENTE ESTUDADO durante o Ensino Médio e cursinho. Além de que o foco é bem mais centrado no que o aluno decidiu cursar.
O que aprendi em geral com estas experiências é que a sociedade tem a intenção de formar pessoas razoáveis.
Exato. Razoáveis.
Durante este ano que passou, eu me dediquei feito uma insana em disciplinas que não domino, não me atraem, nada têm a ver comigo e que jamais poderei ser um gênio por mais que me esforce. E as que domino, que tenho muito potencial para poder sim, sem modéstia, atingir a genialidade, acabei enfraquecendo e ficando "na média". Ainda bem que não permito me resumir como pessoa e futura profissional me baseando nesse tipo de processo seletivo.
E eis aqui registrado meu (inútil) protesto por um ensino que incentive menos mentes medianas e mais mentes geniais.

Mi F. Colmán



09/11/2015

A culpa é das estrelas?


Semana passada surgiu uma "polêmica" nos bastidores da escola de uma educadora que conheço. Uma crítica de uma professora de Literatura a outra professora de Literatura. O motivo: a indicação de leitura de A Culpa é das Estrelas de John Green.
Eu não sou, particularmente, fã de John Green. Na real, não curto mesmo o trabalho do citado autor, mas conheço diversas pessoas que amam. Entendo que alguns professores ainda são muito tradicionais e compreendo também que o desejo que eles possuem é o de preparar alunos do Ensino Médio para vestibulares que exigem a leitura dos clássicos.
Esta última já torna a situação um pouco problemática. Penso que educadores em geral não deveriam ter como prioridade apenas formar "acadêmicos em potencial". Em um país onde a leitura ainda é pouco valorizada, a prioridade deveria ser o de formar leitores.
Esta situação me fez lembrar de um texto escrito pela blogueira Lorena Vieira em um grupo do Facebook ano passado:

"Gente, eu sei que isso não tem muito a ver com o grupo, mas vim aqui para ver se algumas pessoas que trabalhem em escolas, leiam este meu post.
Bom, todo mundo sabe que o povo brasileiro não costuma ler muito, muito menos aqueles livros que as professoras passam em sala de aula. Eu não gosto, mas leio para não tirar nota baixa. 
Mas eu gostei muito da iniciativa que uma bibliotecária minha teve na minha escola, coisa que eu não vi em nenhuma outra na minha cidade (ser humano, se isso acontece na sua escola, bom pra você).
Para incentivar a leitura, a bibliotecária decidiu, ao invés de ficar comprando esses livros que ninguém lê, comprar os mais populares que está todo mundo lendo e querendo. 
Ela começou a anotar em uma listinha os livros que a gente queria ler. E sempre que a verba chegava e ela terminava de comprar os livros que a escola pedia para comprar, com o restante do dinheiro ela comprava os livros da lista.
Só para vocês verem, quando essa bibliotecária começou a fazer isso, a biblioteca ficava cheia de gente querendo ler! 
Pois lá tinha Percy Jackson, Jogos Vorazes, Os imortais, A Mediadora, Harry Potter, Maze Runner e muitos outros. 
Os livros nem paravam na biblioteca, você tinha que reservar o livro e geralmente sempre tinha uma pessoa que havia reservado antes!
Bom, quando essa bibliotecária saiu, isso parou de acontecer (triste), porém, seria muito bom se alguns educadores que estivessem aqui, pudessem indicar essa ideia em suas escolas. Com toda certeza incentivaria a leitura!
Eu fiz este post só para dar a dica mesmo, porque na escola aonde eu faço curso, a biblioteca é igual ao que era a da minha escola antes da nossa bibliotecária predileta inventar de fazer isso". Lorena Vieira


O que ela fez foi um verdadeiro apelo ao pessoal da Educação e acredito que tal apelo deveria ser atendido.
É óbvio que os clássicos não podem ficar de fora, porém, creio ser desnecessário afirmar que a leitura dos mesmos é um pouco difícil para quem está começando, principalmente aqueles que não tiveram incentivo à leitura em casa.
Eu tive muito incentivo na infância e de cara curti os clássicos, principalmente do Realismo como Memórias Póstumas de Brás Cubas e O Ateneu, entretanto, tenho plena consciência que faço parte de uma minoria.
Muitas pessoas que conheço relatam o mesmo drama que Lorena, de terem lido os clássicos por obrigação e, infelizmente, uma boa parte destas pessoas sentiram-se totalmente desestimuladas e hoje afirmam ter aversão à leitura.
Por outro lado, conheço pessoas que começaram com HQ´s, mangás e hoje leem de boa um Os Lusíadas, por exemplo.
E também me pergunto o porquê de tamanho preconceito com autores contemporâneos. Teriam eles menor valor por terem um vocabulário mais moderno? 
Isso é algo que deveria ser revisto. Pelos futuros leitores e também, autores.


Mi F. Colmán


Sugestão de leitura: O hábito de ler por Taís Luso de Carvalho.

02/11/2015

O nascer para o além - Dia de Finados


Há quem morra todos os dias.
Morre no orgulho, na ignorância, na fraqueza.
Morre um dia, mas nasce outro.
Morre a semente, mas nasce a flor.
Morre o homem para o mundo, mas nasce para Deus.


Assim, em toda morte, deve haver uma nova vida.
Esta é a esperança do ser humano que crê em Deus.
Triste é ver gente morrendo por antecipação...
De desgosto, de tristeza, de solidão.
Pessoas fumando, bebendo, acabando com a vida.
Essa gente empurrando a vida.
Gritando, perdendo-se.
Gente que vai morrendo um pouco, a cada dia que passa.


E a lembrança de nossos mortos, despertando, em nós, o desejo de abraçá-los outra vez.
Essa vontade de rasgar o infinito para descobri-los.
De retroceder no tempo e segurar a vida.
Ausência: - porque não há formas para se tocar.
Presença: - porque se pode sentir.
Essa lágrima cristalizada, distante e intocável.
Essa saudade machucando o coração.
Esse infinito rolando sobre a nossa pequenez.
Esse céu azul e misterioso.


Ah! Aqueles que já partiram!
Aqueles que viveram entre nós.
Que encheram de sorrisos e de paz a nossa vida.
Foram para o além deixando este vazio inconsolável.
Que a gente, às vezes, disfarça para esquecer.
Deles guardamos até os mais simples gestos.


Sentimos, quando mergulhados em oração, o ruído de seus passos e o som de suas vozes.
A lembrança dos dias alegres.
Daquela mão nos amparando.
Daquela lágrima que vimos correr.
Da vontade de ficar quando era hora de partir.
Essa vontade de rever aquele rosto.
Esse arrependimento de não ter dado maiores alegrias.
Essa prece que diz tudo.
Esse soluço que morre na garganta...


E...
Há tanta gente morrendo a cada dia, sem partir.
Esta saudade do tamanho do infinito caindo sobre nós.
Esta lembrança dos que já foram para a eternidade.
Meu Deus!
Que ausência tão cheia de presença!
Que morte tão cheia de esperança e de vida!

Padre Juca, adaptado por Sandra Zilio


Dia de Finados

A celebração do Dia dos Finados na Igreja Católica Romana iniciou em um mosteiro da França, onde o abade Odilon ordenou aos monges que orassem por todos os falecidos, de todos os lugares e todos os tempos, independente do credo.
A tradição foi oficializada alguns séculos depois em Roma, pelo Papa, determinando a data de 02 de novembro para os católicos intercederem pelos falecidos.
Segundo a doutrina Católica Romana grande parte das almas estão em um lugar chamado Purgatório. Um local onde as pessoas que cometeram pecados permanecem para se purificar. Os fiéis acreditam que orando, mandando rezar missas e acendendo velas podem adiantar a saída delas de lá. Segundo a doutrina, todas as pessoas após o falecimento imediatamente apresentam-se diante do Arcanjo Miguel, que analisa os pecados e virtudes e decide se a pessoa irá imediatamente ao Céu ou deve purificar-se no Purgatório.


E quanto à outras crenças, como encaram a morte ou o Dia de Finados?

No México o Dia dos Mortos (Dia de los Muertos) é comemorado com festa, pois acredita-se que neste dia os parentes falecidos voltam para visitar seus entes queridos. Portanto, são recebidos com muita música, dança e com biscoitos que lhes agradam.
Os protestantes não celebram o dia de hoje apesar de crerem na vida após a morte. Os mesmos encaram esta passagem como a única chance de redenção, o que significa que logo após falecerem já são julgadas e cada qual irá para o lugar de acordo com a vida que tiveram. Aqueles que viveram segundo o propósito de Deus herdarão a vida eterna junto ao Nosso Senhor e os demais, para o tormento consciente de onde nunca conseguirão sair.
Como no Protestantismo há muitas vertentes, existem algumas que creem que os que negam a Cristo e desobedecem seus mandamentos irão direto ao inferno e os seus seguidores entram em um descanso até a 2ª vinda de Jesus Cristo.
As Testemunhas de Jeová são aniquilistas. Para os TJ´s existem 3 tipos de almas: dos ímpios, injustos e justos. Ímpios são os que não terão direito à ressurreição. Injustos são aqueles que faleceram desde a criação do Homem e irão ressuscitar para uma nova chance de salvação durante o milênio. É interessante que há até um número estipulado: 20 bilhões. Destes 20 bilhões, os que passarem à prova, poderão viver eternamente na Terra tornando-se justos. Porém, há 144 mil que serão considerados os ungidos de Deus e estes terão o direito de viver junto a Ele no Paraíso. Todos os demais serão aniquilados. Testemunhas de Jeová não creem no inferno eterno, creem que simplesmente os "maus" deixarão de existir.
Semelhantes às Testemunhas de Jeová, Adventistas do Sétimo Dia também não creem no tormento eterno. Todos os falecidos estão adormecidos e acordarão somente no dia da 2ª Vinda de Jesus, onde serão julgados. Os justos viverão com Deus e os ímpios serão aniquilados.
O Espiritismo segundo Allan Kardec possui a doutrina da reencarnação que é uma espécie de aperfeiçoamento da alma. O ser humano reencarna quantas vezes forem necessárias até que seus espíritos tornem-se espíritos de luz, evoluídos. Os espíritas não acreditam em ressurreição. Jesus Cristo é apenas o maior exemplo de vida a ser seguido.
Hinduístas e Budistas também creem na reencarnação, mas com um pequeno diferencial do Espiritismo, durante o processo as pessoas podem regredir espiritualmente reencarnando como um animal ou até mesmo um inseto.
O Candomblé não existe concepção de Céu e Inferno, muito menos uma punição eterna. Para seus adeptos, morrer é apenas uma transição de uma dimensão à outra, junto com outros espíritos, orixás e guias.
A Umbanda devido ao sincretismo com crenças cristãs, espírita kardecista e afro, possuem vertentes que se diferenciam. No entanto, para eles a morte é uma etapa do ciclo evolutivo, acreditando na reencarnação como base para a evolução do espírito.
No Islamismo, todos os que morrem ficam aguardando o último dia, do Juízo Final, para serem julgados pelo Criador. Assim como no Protestantismo, esta vida é que define sua salvação ou a perda da mesma.
No Judaísmo há a crença da sobrevivência da alma, mas não especifica como será a vida após a morte ou se a mesma existe de fato, dando lugar a diversas interpretações. Diz-se que alguns acreditam na reencarnação e outros na ressurreição dos mortos. Mas é muito importante antes de morrer colocar a casa em ordem e fazer as pazes com Deus.

Independente da crença (ou descrença), acredito que hoje seja um dia de reflexão, de lembrar dos nossos queridos que se foram.
O importante é não deixar que o que existe de mais belo dentro de nós morra ou, se já aconteceu, que nos demos a chance para renascer.




Mi F. Colmán

Notas:

Peço que, se houver algum erro ou algo a acrescentar, os membros das crenças citadas me corrijam e acrescentem. Sei que meu conhecimento a respeito das diversas doutrinas é limitado.

Todos os comentários atrasados estão respondidos (acho), menos aqueles do Grabovoi, que publico só porque são verdadeiras piadas e não vou me dar ao trabalho de respondê-los.

Tenho algumas considerações a fazer devido ao meu tempo ausente e a respeito do ENEM, mas hoje não é dia para isso.



I´m bleeding, quietly living I´m living, quietly bleeding - Dominik
 renata massa