08/03/2019

HOMENAGEM AO DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Ele nunca esquecera um 08 de março. A dona da floricultura deixava pronto o ramalhete de flores que ela mais gostava, para que ele pegasse ao fim do expediente de trabalho. Mesmo aos finais de semana, ela nunca deixaria de receber suas flores prediletas. Como enfatizava com orgulho ao entregá-las à esposa. Em um papel de seda rosa ou decorado, enlaçado à fita de cetim e bem ornamentados a mulher recebia as flores, o perfume delas...E os espinhos. Potentes espinhos, que mesmo depois de murchas não morriam com elas. Estavam cravados em cada centímetro de sua memória. Aprofundados em sua alma.
Ela jamais esquecia 08 de março. Ele fazia questão de sempre lembrar todas as datas memoráveis. E com o passar do tempo o esposo aprimorou na entrega do esperado ramalhete. Até que na penúltima vez com os espinhos vieram as balas certeiras. Mas ele se superou ao entregar o último buquê. Os pregos no caixão dela, a terra que socava a madeira e a última fresta de luz que se apagou com um granulo terroso encerrou a entrega daquelas flores malditas. De onde estava, por toda eternidade, ela odiaria o cheiro de flores misturado a nauseante dor entregue à muitas parabenizadas mulheres no dia 08 de março...

Adriana Ramiro

Certamente, para as pessoas que compreendem o real motivo do Dia Internacional da Mulher e que, infelizmente, quase tudo que vem disto costuma ser banalizado, sabe que hoje não é um dia de flores. Mas posso dizer que é um dia de MULHERES, como todos os dias. É um dia importante na história, contudo, não deve se resumir também aos protestos e ativismos nesta única data. Hoje considerei que nada como homenagear uma mulher não pelo fato de ela "gostar de receber flores e mimos porque ela é delicada por natureza e blábláblá", enquanto continuam sendo mortas pelas mesmas mãos sujas do sangue da cor das tantas rosas que lhes são entregues. Nada como homenagear uma mulher não pela sua beleza física (não que ela não possua!), mas pelo seu talento, sua inteligência e sua garra e isso, conhecendo a Dri como conheço, sei que ela tem de sobra.
Dri, parabéns, não pelo Dia Internacional da Mulher em si, mas por você ser você, essa escritora, professora, mulher incrível que é. E por ter escrito um conto tão fascinante que aborda relacionamentos abusivos, os quais tantas pessoas ainda naturalizam, até mesmo as próprias escritoras, mulheres, em seus romances, reproduzindo algo que foram condicionadas desde tenra idade, que apanhar e perdoar é normal, que relações abusivas são normais. Não, não são e se não combatidas a tempo levam a um único destino: o caixão e as flores mencionadas na breve, porém forte, prosa de Adriana Ramiro. E quando não do corpo, da alma, e-ter-na-men-te. Você é incrível. Vocês mulheres, todas, cada uma é incrível ao seu modo. Não permitam que ninguém tente lhes tirar o brilho e fazer parecer o oposto. E acima de tudo, estejam sempre umas pelas outras. 

Millie Colmán



03/02/2019

MEMÓRIAS PÓSTUMAS


Ninguém sabe o que é acordar todos os dias se sentindo uma pessoa inútil.
Ninguém sabe o que é acordar todos os dias e mentir pra você mesmo que “está tudo bem”.
Ninguém sabe o que é passar uma noite acordada estudando para uma prova, na qual você sabe que por mais que se esforce, você não conseguirá nem tirar a média.
Ninguém sabe o que é ter que aguentar as cobranças de notas ótimas, currículo impecável, vida social ótima.
Ninguém sabe o que é se esforçar para ser melhor, mas não conseguir.
Ninguém sabe o que é tentar todos os dias.
Eu realmente não aguento mais, não suporto mais, Eu sei que coisas lindas podem acontecer, mas não comigo! As coisas boas estão reservadas às pessoas perfeitas, eu sou cheia de defeitos e deficiências... sou cheia de lutas internas que não consigo ganhar.
A faculdade, a sociedade me levaram a isso. Eu me sinto sufocada no ambiente universitário, me sinto pressionada a todo momento, com medo e assustada. Me sinto incompetente por não conseguir ser melhor, por não conseguir ser boa o suficiente.
Quero pedir desculpas a todos que algum dia eu magoei, a todos que tentaram me ajudar. Não foi em vão.
Me desculpe mãe, por eu ser fraca e não conseguir suportar. Mas você também não se orgulharia da pessoa que eu estava me tornando. Uma pessoa insegura, medrosa, depressiva, frustrada.
Eu finalmente vou descansar.
“E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos” (Caio Fernando Abreu)
Isa

Isa não é um apelido fictício. Isa não é uma pessoa fictícia. Essa carta suicida quem dera fosse ficção. Ela me foi repassada por um de seus amigos há mais de um ano e há mais de um ano essa é a segunda vez que tive forças para ler e li apenas para digitar e publicar, porque ela ainda bate muito forte dentro de mim.
Conheci Isa num grupo de Magia Draconiana, nós duas éramos curiosas acerca dessa vertente. Ela, mais neófita do que eu (visto que não importa o quanto eu estude, sempre me considerarei uma eterna neófita, sempre há algo para aprender), sabia que eu lidava com a Magia do Caos e vinha no meu pv do whats sempre desesperada procurando por ajuda, procurando por um servidor que a pudesse ajudar com as provas da universidade, me pedindo para ajudá-la porque estava sem forças até mesmo para evocá-lo, energizá-lo, enfim... Era evidente que Isa não estava nada bem. Deixei claro que nunca tinha lidado com aquele servidor em especial, mas faria o possível para ajudá-la, ouvi durante madrugadas seguidas seu desespero por medo de “não atingir a média”, pelas exclusões e pressões que estava enfrentando.
Muitas vezes me vi em Isa. Isa não era nenhuma ignorante, era visível seu potencial.
Quem não era visível era ela.
Fizeram com que Isa se sentisse desse jeito, foram minando sua autoestima aos poucos por não possuir um dom muito útil de manipular e inflar egos de certos professores que parecem carecer disso.
Muitas e muitas vezes eu me vi como Isa, mas a magia, os Fraters e as sacerdotisas que conheço sempre me auxiliaram, me fazendo enxergar meu valor, por mais que o mesmo muitas vezes tenha sido arrancado de minhas próprias mãos. Isa poderia ter sido eu. Isa pode ser aquele (a) teu (tua) aluno (a) que nesse momento você ignora, Isa pode ser aquele (a) seu (a) filho (a) que você pressiona para ser o (a) melhor (visto que números não significam bosta nenhuma, muitas vezes “boas” notas não passam de pura memorização e não conhecimento desse sistema falho de avaliação), Isa pode ser o (a) seu (sua) colega que você exclui na hora de fazer trabalhos ou toma para si os méritos de seus trabalhos. Isa poderá ser você que acabou de entrar agora seja pelo SISU, PROUNI ou vestibular.
Isa ouviu muito que a meritocracia não existia, quando na real, foi é alvo dela por não ter as coisas boas reservadas que as “perfeitas” e “boas” têm como diz em sua carta. Isa tinha tudo para ter sim, “os mesmos méritos” de seus colegas, as pessoas “perfeitas” com as “melhores” notas, exceto apoio, proteção, oportunidades e privilégios destinados a poucos.
Isa poderia ter outros problemas? Óbvio que sim! Não seria mais um motivo para que tivesse algum olhar sensível, um único que fosse, para ser auxiliada com todos aqueles que conviviam com ela no seu dia-a-dia? Enfim... peço só que respeitem a memória de Isa, qualquer comentário desrespeitoso será devidamente excluído (minha moderação de comentários desapareceu, se algum (a) blogueiro (a) puder me ajudar com isso, agradeço).
Apenas desenterro essa carta para refletirmos, para lutarmos para não acabarmos como Isa e, acima de tudo, não sermos colaboradores para a existência de outras Isas.
Sermos esses últimos é não fazermos mais do que nossa obrigação. GRATA!

Paz, Luz e acima de tudo Consciência e Empatia, por favor.  

Millie Colmán


13/01/2019

COISAS BOAS DE 2019 PARA LEMBRAR EM 2020



“Conta as bênçãos, conta quantas são...” (lembrei desse hino evangélico agora, BERRO!)


E aí gente? Como foi a passagem de Ano Novo de vocês? A minha foi incrível com dois webamigos que deixaram de ser webamigos e agora são amigos presenciais que são a Samira Rousseng e seu noivo, o Guilherme, denominados por mim como Sami e Gui. 

Selfiezinha básica de quando eles acabaram de chegar após umas 17 horas de viagem porque eu sou a loka das selfies

Eu e Sami rolezando no país vizinho, as rainhas do deboche

Pois é gente, pessoas determinadas tendem a criar planos e executá-los assim que podem. Eu mesma, defini muitas coisas que pretendo fazer (uma delas é conhecer mais webamigos, inclusive o Zaqueu que infelizmente por motivos sérios não pode vir dessa vez), não somente para 2019, mas para a vida no geral. Muitas mudanças ocorreram e tal e muitas ainda ocorrerão.
Mas o que eu vim fazer aqui além de falar de 2019? Bem... falar de 2019! Trouxe um exercício mental interessante para quem desejar fazer (já estou fazendo porque sou dessas) e óbvio, ainda estamos em meados de janeiro, portanto, dá tempo de sobra para fazerem seus registros.
Muita gente conhece essa dinâmica do pote, certo? Acredito ter visto inclusive num blog que sigo (a dinâmica original lembro que mandava anotar uma coisa boa de cada dia) e como tenho ficado tempo demais no Facebook (inclusive, quem quiser me adicionar como webamiga ou apenas me seguir, ele é público, só acompanhar este link)... “Nossa, jura????” Muitos irão dizer visível é minha ausência no whatsapp e aqui na blogosfera hahahaha! É que a plataforma ali é dinâmica e não exige a dedicação de um blog nem o imediatismo do whats, contudo, uma das metas que tenho para 2019 é aparecer mais aqui, até porque, estou com uma motivação incrível, a fanpage Rivotril comCoca-Cola II deu uma guinada desde dezembro de 2018 pra cá que estou sem palavras com o tanto de seguidores para um blog que vamos combinar, andou literalmente parado. E as pessoas não apenas seguem, mas se envolvem, compartilham, é incrível. Estou adorando isso.
Bem... uma das minhas webamigas falou que o problema dessa dinâmica é a preguiça depois de catar e ler todos os papeizinhos... O que eu posso dizer? E tá errada? Como praticidade é meu segundo nome, tive uma ideia melhor, que tal colocar as coisas boas anotadas em um caderno? Tipo, um caderno de gratidão ou boas recordações.


Meu caderninho de gratidão, da Pucca, porque sou dessas capaz de comprar caderno para esse tipo de coisa e nunca pra faculdade, hahaha!

Outras pessoas sugeriram um pote para colocar as merdas que aconteceram, uma delas, um pouco mais revolts (e gente, tem nada de errado em ser ou estar revolts, acho digno inclusive) disse que não agradeceria nada de 2018, que foi um ano muito bosta (de fato). Olha, eu sou uma pessoa que teria acho que todos os motivos para afirmar isso, porque tomei muuuita, mas muuuita porrada em 2018, contudo, aconteceram coisas boas também. Aí vai do que a pessoa pretende focar. É uma decisão que não posso fazer por ninguém.

Uma outra pessoa sugeriu que o “pote de merdas” seria um exercício legal pra ver no que se pode melhorar. Não deixa de ser uma sugestão interessante também, porém, como tenho trabalhado bastante meu padrão vibracional e já tenho a forte tendência de sofrer altos e baixos, prefiro deixar os perrengues de lado. Não que eu queira ignorar os perrengues que acontecem ou não queira resolvê-los, mas existem coisas que não valem a pena nem relembrar! Melhor apagar de vez sabe? Como diria um amigo bruxo: “Tem gente que não vale nem o dinheiro da vela preta gasto na magia negra”, hahahahaha! Eu diria que tem coisas, tem gente, tem situações que não valem nossas energias gastas.
Gente, quem me conhece sabe que não faço nem um pouco o tipo good vibes gratidão, entretanto, sei que a gratidão aumenta o poder vibracional e isso colabora não só em rituais, magias, orações, mas afeta todo o nosso cotidiano que também vamos combinar, não tá nada fácil para o brasileiro. Eu decidi criar esse caderno sem seguir o padrão do exercício sugerido no pote, porque gente, tem dia que não estamos mesmo na vibe de agradecer, mas quando houver algo que considere significativo de recordar, vou pontuando e registrando sim.
Fica a dica, principalmente para quem está trabalhando ou pretende começar esse ano a trabalhar a Lei da Atração para 2019. Espero que todos possamos sobreviver a ele, porque infelizmente já soube de quem não conseguiu...

Muita força, paz e luz para todos os merecedores! Lembrem-se: na vida TUDO é magia! 


MILLIE COLMÁN

In Memorian de Jujuba (Júlia) que decidiu partir esse ano, queria poder ter te carregado no colo minha querida.


I´m bleeding, quietly living I´m living, quietly bleeding - Dominik
 renata massa